O irmão de Raul Brandão que também escrevia

Recorte do Diário Ilustrado de 16 de Julho de 1910.

Embora não seja fácil encontrar-lhe o rasto, Raul Brandão tinha um irmão que também escrevia. Chamava-se Armando e consta da lista de testemunhas do casamento de Raul Brandão com Maria Angelina, sendo identificado como negociante.

Raul Brandão refere-se-lhe numa carta que dirigiu à sua noiva, Maria Angelina, datada de 5 de Setembro de 1896. Esta carta fez parte dos lotes do leilão da Livraria Luís Burnay, que foi a leilão em Lisboa em Junho de 1910. No verbete do catálogo leilão que se lhe refere, encontrámos uma transcrição parcial do autógrafo, onde se lê:

Em primeiro lugar desculpa o papel. Estou-te a escrever do Porto, do escritório de meu irmão, À ultima hora, para que te não falte carta minha. […] se o dia estiver bonito saio de Matosinhos às 7 e 25 minutos da manhã, com a minha irmã, minha cunhada e meu irmão. Ficamos em Vila do Conde onde almoçamos e depois partimos para a Povoa. Aí deixo-os e vou procurar-te, minha querida. Estou contentíssimo só com a ideia de que amanhã te hei-de ver e falar. Depois à noite vamos ao Teatro e no dia seguinte às 9 e dez minutos voltamos para Matosinhos. Ama-me muito. Cada vez sinto por ti mais estima e admiração. [...] Adoro-te. Não te esqueças nunca do...”

O papel de que Brandão pedia desculpa era uma folha papel quadriculado timbrado com a indicação “Casa Comercial Armando Brandão”.

Colaborou, pelo menos, no jornal Imparcial, que em 1910 era dirigido pelo seu irmão Raul, como se percebe pela breve nota que vai acima, que saiu no Diário Ilustrado de 16 de Julho de 1910, onde se lê:

— É muito muito grave o estado de saúde da mãe dos nossos colegas do “Imparcial”, srs. Raul Brandão e Armando Brandão.

Do que escreveu Armando Brandão, nada conhecemos.

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