A Praça da Oliveira (9)

Pormenor da planta de Guimarães de c. 1569. Uma dobra na folha oculta parte da base da coluna que aparece em frente à antiga rua dos Açoutados.

Não encontrámos, até ao momento, qualquer referência documental ao elemento que aparece implantado no lado virado a Norte da Praça da Oliveira, apontando para a embocadura da rua dos Açoutados, a que nos referimos antes. Todavia, somos levados a acreditar que se tratava mesmo do pelourinho de Guimarães, apesar do silêncio dos documentos, a que se refere Conceição Falcão no seu “Guimarães - ´Duas vilas, um só povo” (p. 325):

Do pelourinho de Guimarães nada fica para a Idade Média. Não existia na Praça, a julgar pelo mais cerrado silêncio de milhares de diplomas compulsados. As notícias posteriores – séculos XVII – dão conta da sua existência, para os lados de S. Francisco.

As referências mais antigas ao pelourinho de Guimarães que conhecemos levam-nos até ao início do século XVI (no dia 21 de Janeiro de 1606, o pedreiro Domingos Manuel, morador na rua Caldeiroa, arrematou, em sessão de Câmara, a execução do conserto do Pelourinho).

A localização do pelourinho é-nos dada pelo padre Torcato, nas suas Memórias Ressuscitadas da Antiga Guimarães (p. 341), quando escreve que caminhando por este terreiro de S. Sebastião para nascente, está o Pelourinho.

Quem ainda conheceu o pelourinho, no largo que lhe tomou o nome, foi o Padre António Caldas, que o descreveu no final do seu “Guimarães – Apontamentos para a sua história”:

Havia aqui, para as correições públicas, um pelourinho, que se levantava em forma de coluna de pedra sobre degraus, no largo de S. Francisco, num semicírculo do muro de suporte que divide o mesmo largo do largo do Pelourinho, hoje do Trovador.

Acontece que a descrição do Padre Caldas do pelourinho de Guimarães (uma coluna de pedra sobre degraus) é consistente com o elemento que aparece desenhado na Praça da Oliveira na planta quinhentista, o que nos leva a especular que se poderia tratar do mesmo instrumento do poder judicial, inicialmente implantado onde era esperado que estivesse (na Praça Maior) e posteriormente mudado para o local onde ficaria até à sua remoção definitiva, já no último quartel do século XIX.

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